
Hoje o post vai ser diferente. Para variar, não vou escrever uma coisa gigantesca em que me debato com problemas filosóficos, sociais ou simplesmente parvoíces e lamentações. Não!
Há coisa de umas semanas, descobri um artigo interessantíssimo no Art of Manliness (eu sei, pelo nome parece uma coisa ridícula mas o portal está recheado de artigos interessantes e moralizadores!) que registava os livros para "boys and young men" - ora, eu ainda me considero "young man", especialmente depois de um episódio que envolveu a minha pessoa ao volante do meu carro, vários polícias e uma grande confusão, em que achavam que eu não tinha idade para ter carta...
Mas voltemos à história. Lá surgiam uns quantos livros interessantes, entre outros clássicos (até lá vi umas ideias de livros interessantes a dar ao meu irmão e primos mais novos...). No entanto a minha atenção fixou-se num livro em particular, chamado "Canoeing with the Cree". Este livro, escrito por Eric Sevareid nos anos 30, baseia-se numa aventura que o próprio teve com um amigo, em que, acabados de sair do liceu, se lançam numa aventura de mais de 2000 milhas numa canoa comprada em segunda mão, atravessando vários rios e lagos desde o seu Minnesota natal até à baía de Hudson, no Canadá. E, devo dizer-vos: o livro é simplesmente brilhante, as descrições são vivas e extraordinariamente cativantes. Dá-me vontade de largar todos os meus assuntos pendentes e desaparecer da civilização, embarcando numa aventura deste género.
Aliás, o livro cativa gerações de forma tão indiscriminada que em 2005, a celebrarem-se os 75 anos da viagem, dois tipos resolveram repeti-la (se bem que a actualizaram um pouco para o século XXI, já que foram blogando todos os passos da viagem - ao invés de Eric e Walt, que quando conseguiam parar numa terrinha que tivesse distribuição de correio, lá se sentavam à máquina de escrever e mandavam a crónica para o jornal local que lhes financiou a aventura!).
É uma boa leitura, moralizante e cativante, especialmente nesta altura do ano em que todo o estudante universitário responsável em Portugal não sabe onde se há de meter, tal é o stress causado pelos exames... ora, à vista das belíssimas, imponentes e mortais paisagens do wilderness canadiano, todos os nossos problemas e preocupações mundanas assumem contornos absolutamente infinitesimais - e fazem-nos sentir pequenos, especialmente ao pensar que aquela canoa de 18 pés era uma migalha a flutuar na imensidão dos grandes lagos do norte da América.
Pronto, chega de escrever reviews (esta já é a segunda, escrevi uma bem mais sucinta no Shelfari). Em retrospectiva, só tenho pena de nunca ter tomado parte em algo comparável a esta aventura, e espero um dia poder vir a fazê-lo!