Jan 23, 2010

Uma boa leitura...

canoening

Hoje o post vai ser diferente. Para variar, não vou escrever uma coisa gigantesca em que me debato com problemas filosóficos, sociais ou simplesmente parvoíces e lamentações. Não!

Há coisa de umas semanas, descobri um artigo interessantíssimo no Art of Manliness (eu sei, pelo nome parece uma coisa ridícula mas o portal está recheado de artigos interessantes e moralizadores!) que registava os livros para "boys and young men" - ora, eu ainda me considero "young man", especialmente depois de um episódio que envolveu a minha pessoa ao volante do meu carro, vários polícias e uma grande confusão, em que achavam que eu não tinha idade para ter carta...

Mas voltemos à história. Lá surgiam uns quantos livros interessantes, entre outros clássicos (até lá vi umas ideias de livros interessantes a dar ao meu irmão e primos mais novos...). No entanto a minha atenção fixou-se num livro em particular, chamado "Canoeing with the Cree". Este livro, escrito por Eric Sevareid nos anos 30, baseia-se numa aventura que o próprio teve com um amigo, em que, acabados de sair do liceu, se lançam numa aventura de mais de 2000 milhas numa canoa comprada em segunda mão, atravessando vários rios e lagos desde o seu Minnesota natal até à baía de Hudson, no Canadá. E, devo dizer-vos: o livro é simplesmente brilhante, as descrições são vivas e extraordinariamente cativantes. Dá-me vontade de largar todos os meus assuntos pendentes e desaparecer da civilização, embarcando numa aventura deste género.

Aliás, o livro cativa gerações de forma tão indiscriminada que em 2005, a celebrarem-se os 75 anos da viagem, dois tipos resolveram repeti-la (se bem que a actualizaram um pouco para o século XXI, já que foram blogando todos os passos da viagem - ao invés de Eric e Walt, que quando conseguiam parar numa terrinha que tivesse distribuição de correio, lá se sentavam à máquina de escrever e mandavam a crónica para o jornal local que lhes financiou a aventura!).

É uma boa leitura, moralizante e cativante, especialmente nesta altura do ano em que todo o estudante universitário responsável em Portugal não sabe onde se há de meter, tal é o stress causado pelos exames... ora, à vista das belíssimas, imponentes e mortais paisagens do wilderness canadiano, todos os nossos problemas e preocupações mundanas assumem contornos absolutamente infinitesimais - e fazem-nos sentir pequenos, especialmente ao pensar que aquela canoa de 18 pés era uma migalha a flutuar na imensidão dos grandes lagos do norte da América.

Pronto, chega de escrever reviews (esta já é a segunda, escrevi uma bem mais sucinta no Shelfari). Em retrospectiva, só tenho pena de nunca ter tomado parte em algo comparável a esta aventura, e espero um dia poder vir a fazê-lo!

Jan 12, 2010

Olá!

Sim, é dessa forma que se deve começar uma entrada num blogue que há muito não actualizo (aliás, escrito desta forma até
parece que tenho mais do que um blogue, mas não - já não consigo dar conta do recado neste, quanto mais se lhe juntasse
mais uns quantos irmãos e primos!).

Deu para reparar, que o intuito do parágrafo acima foi o de, efectivamente, "encher chouriços". Honestamente, estou sem
pachorra para ler, escrever, ou fazer o que quer que seja - lembrei-me de escrever esta entrada já nem sei bem porquê..
ah, já sei, estou cheio de estudar para o exame de Mecânica Quântica, e, ao mesmo tempo, não me apetece ir já almoçar -
uma sobreposição de estados cuja única medição possível é a de escrever entradas idiotas num blogue que há muito não
actualizo.

Como deu para ver, já vou no terceiro (quarto, se contarmos com a saudação inicial) parágrafo, e ainda não escrevi nada
de interessante. É como estar a programar, sem saber bem o algoritmo que vou escrever, e ir importando módulos externos
às cegas...

Porque razão nunca consigo escrever uma entrada a sério nisto? Há um ente no meu ser que se debate para escrever algo de
interessante aqui (nem imaginam a quantidade de vezes em que, sonhando acordado, registo mentalmente "isto seria uma boa
ideia para colocar no blogue, para partilhar com o mundo..."), só para ver todas as suas tentativas bloqueadas por
alguém que insiste em apenas escrever disparates aqui! Faz lembrar os dois subentes que pairam sobre o Tom (sim, Tom, o
gato), um aconselhando-o para o bem e outro para o mal. (e eu não acredito que depois de ter escrito umas linhas tão
profundas, fui logo estragar tudo fazendo uma analogia com desenhos animados...)

É que, realmente, há tanta coisa que queria partilhar - é uma coisa em que penso frequentemente, a quantidade de coisas
que surgem na mente de uma pessoa, mas que esta (a maioria das vezes, inadvertidamente) retém para si mesma. Eu também
as retenho, a maioria das vezes porque não consigo ter a calma nem o tempo para as passar para texto, para uma
representação universal, não específica à minha pessoa...

Todos os dias me chegam notícias de locais que nunca visitei, pessoas que nunca conheci, vejo registos de tempos que não
vivi, e limito-me a absorver, sem nada exteriorizar. Ora, eu não me sinto bem com isso, como seria de esperar - estou
muito grato a essas pessoas que gastaram algum do seu tempo a partilhar com o mundo determinado pensamento, determinado
ponto de vista, e gostaria de retribuir na mesma moeda - mas, a maioria das vezes, mantenho-me no silêncio do anonimato.
(decerto que, se eu fosse versado em Filosofia/Psicologia/..., aqui já teria espetado com uma citação de algum
filósofo/psicólogo/... famoso, que seguramente já terá abordado este assunto com que me debato.

Essa é outra das coisas que me perturba - saber que provavelmente alguém já pensou no mesmo que eu, mas não o
exteriorizou, e se calhar nunca o irá fazer (assim como provavelmente EU também não o farei!). Caramba, provavelmente já
estaríamos a conduzir carros voadores em Marte por esta altura... (ou talvez não!)

E o "ou talvez não" tem um fundo de verdade. Porque se nós vamos estar a anotar todo e qualquer pensamento, por mais
ínfimo que seja, estamos a utilizar algum do nosso (finito) tempo para repetir algo que já vimos, que já pensámos -
estamos a pegar na coisa que congeminámos há pouco e a passá-la para o papel (ou outro meio equivalente). E não
avançamos tão rapidamente quanto queríamos.

Há alguém que disse uma frase célebre "Cada homem é uma ilha." E cada vez concordo mais com ele, somos ilhas cuja
política de emigração/obtenção de visas é extraordinariamente limitada. E, para terminar, como qualquer discussão
filosófica de jeito, apenas apresentei argumentos e contra-argumentos, para no fim não me conseguir decidir por nenhum
dos lados. Enfim.